quinta-feira, 5 de agosto de 2010

CARONA AO VENTO

Quem traz no sangue e na alma
As cicatrizes do amor
As mesmas que causam tristezas
As mesmas que causam dor
Não se entrega às mazelas
Que a vida a nós determina
Vê, nos olhos da menina
A fonte de inspiração
Atravessa o furacão,
Rompe imune a tempestade,
Caminha mesmo nas trevas,
Tropeça, cai, se levanta,
Chora, mas também canta,
Encarna o bem e a maldade
Cultiva a nobre planta da mais pura amizade.

Quem traz na alma e no sangue
Aquilo que não se cala,
A palavra que se fala,
Mesmo quando a boca sangra,
Rasga feroz a garganta,
Mesmo quando o corpo dói,
A raiva que nos corrói,
Quando a decência falha,
Quando a maldade se espalha,
Se retrai, sofre por dentro,
Espera o justo momento,
E o grito contido ecoa,
Pede carona ao vento,
Voa veloz feito seta,
E então sorrindo e cantando,
Lá vai de novo o poeta.

VFC

Um comentário:

Anônimo disse...

um dos textos mais fodas que já li em toda a minha vida.

abraço,
heraldo hb