domingo, 10 de fevereiro de 2008

Revolução Farroupilha ou Guerra dos Farrapos - Versão poética

FOI NUM 20 DE SETEMBRO

FOI NUM VINTE DE SETEMBRO
QUE O FIO DA ESPADA BRILHOU
E A MEMÓRIA REGISTROU
A CORAGEM E A BRAVURA
DO RIO GRANDE DESTEMIDO
DE PONCHO E LAÇO NOS TENTOS
O GAÚCHO QUE ESCREVEU A HISTÓRIA
QUE ESTÁ GRAVADO NA MEMÓRIA
AO LONGO DOS TEMPOS.

Vainner de Ávilla/Capão da Canoa-RS
Poeta


FOI NUM VINTE DE SETEMBRO
SOB O ECO DOS CANHÕES
NOSSOS SONHOS AOS MILHÕES
SE DESFRALDARAM NAS COXILHAS
EM DEFESA DESTE PAGO
TINGIU-SE DE SANGUE O ORVALHO
CONTRA O PODER CENTRAL
DEFENDENDO TAL IDEAL
E O FRUTO DE NOSSO TRABALHO.




FOI NUM VINTE DE SETEMBRO
QUE O RIO GRANDE CRESCEU
O IMPÉRIO SE APERCEBEU
DA GRANDEZA DESTA TERRA
OS NOSSOS GAÚCHOS GUAPOS
QUERIAM APENAS LEALDADE
RESPEITO À NOSSA VONTADE
E O SANGUE HERÓI DOS FARRAPOS.

FOI NUM VINTE DE SETEMBRO

QUE A RAZÃO FALOU MAIS ALTO
O RIO GRANDE TOMOU DE ASSALTO
PELO HERÓI BENTO GONÇALVES
QUE CALÇOU O PÉ POR AQUI
E O COMBATE ESTOUROU
NUM PISCAR D'ÓLHOS FUNDOU
A CAPITAL PIRATINÍ.

FOI NUM VINTE DE SETEMBRO
QUE CANCEMOS DE DESFALQUE
A TAXAÇÃO DO NOSSO CHARQUE
O COURO E A ERVA-MATE
QUE OS GAÚCHOS SE LEVANTARAM
NA CORAGEM E NO REPENTE
PELA HONRA DE NOSSA GENTE
O SANGUE DAS VEIAS DERRAMARAM.

AS COISAS NÃO MUDARAM MUITO
AQUI PRO NOSSO ESTADO
AINDA HOJE SOMOS PREJUDICADOS
PELO EIXO RIO SÃO PAULO
E A POLÍTICA CAFÉ COM LEITE
DESDE CRIANÇA EU ME ALEMBRO
DO QUE A HISTÓRIA ME CONTOU
DO RIO GRANDE QUE NÃO SE CURVOU
FOI NUM VINTE DE SETEMBRO...

POR
VAINER DE ÁVILA
GRUPO POETAR-CIA.DO PORTO
TEATRO E LITERATURA
CAPÃO DA CANOA - RS


A Revolução Farroupilhas, também conhecida como Guerra dos Farrapos, foi a mais longa guerra civil da história do Brasil, aconteceu na primeira metade do séc. XIX, durou de 1835 a 1845. Foi uma guerra travada entre imperialistas e republicanos. Os primeiros defendiam a continuação do Império e os outros a implantação da República.
Alguns personagens da Guerra dos Farrapos: Bento Gonçalves da Silva, Giuseppe Garibldi e David Canabarro. Vale à pena investir em uma leitura mais aprofundada deste grande momento da História do Brasil.

Sugestão bibliográfica:
LEITMAN, Spencer - Raízes sócio-econômicas da Guerra dos Farrapos. 1979. Ed.Graal.

Valdelir Ferreira Couto



quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Morro da Conceição - Oásis suspenso

Em meio ao cáos do trânsito do centro do Rio de Janeioro, existe um verdadeiro oásis chamado Morro da Conceição. É um pedaço da história do Rio que infelizmente poucas pessoas conhecem. Quem passa pelo largo de São Francisco da Prainha, pertinho da Praça Mauá, vive uma maravilhosa oportunidade de fazer uma “viagem” no tempo. Os casarõres com suas fachadas históricas do séc.XIX, trazem à luz as lembranças de irmandades religiosas que tinham grande influência não só no que diz respeito aos assuntos da igreja, como também na sociedade. Outro ponto importante a ser observado, refere-se aos diversos estilos da arquitetura da época; portais típicos da arquitetura portuguesa e azulejos que, apesar de simples, tornaram-se verdadeiras relíquias pela extinção e pelo fato de terem sido pintados à mão. Ainda no Largo de São Francisco da Prainha, tem “A Roda dos Escravos da Mauá”. Naquele local, uma vez por mês, acontece uma roda de samba imperdível. Seguindo pelo beco à esquerda do largo, chegamos a outro largo; o Largo do João da Baiana, onde acontece outra roda de samba, o “Batuque na Pedra do Sal”. O largo do João da Baiana fica bem aos pés da pedra do sal. O conjunto formado pelo largo e a pedra, abriga muito da história dos negros, da sua religiosidade e da força da mão-de-obra escrava na formação dos alicerces da cidade do Rio de Janeiro. Hoje é mais tranqüila a subida pela Pedra do Sal, que em épocas mais remotas também era conhecida como “Pedra do Quebra-bunda”, devido ao fato de pessoas escorregarem por ela e se machucarem muitas das vezes na região corporal citada. Devido a esses acidentes, os escravos fizeram à mão os degraus existentes na pedra. No final dos degraus, existe um pequeno pedaço de rua que ainda conserva suas pedras do estilo pé-de-moleque e que dá acesso ao Morro da Conceição.

Placa indicativa da Pedra do Sal e escada feita
à mão pelos escravos.














O Morro da Conceição é um "Oásis elevado" encravado no meio da
agitação da cidade do Rio de Janeiro, tamanha é a tranqüilidade reinante no local.
O Morro da Conceição, juntamente com outros morros como o Morro do Castelo, o Morro de Santo Antônio e o Morro de São Bento justificam-se como as regiões nas quais iniciou-se a ocupação urbana do Rio de Janeiro na época colonial, pelo fato de serem áreas elevadas e, portanto, oferecerem maiores possibilidades de proteção contra os corsários e os estrangeiros. Prova disso, foi a conclusão da Fortaleza da Conceição em 1718. Da fortaleza pode-se avistar grande parte da cidade e da Baia de Guanabara. Se hoje isso ainda é possível, imaginem quando ainda não existia a “selva de pedra”, e o mar, contra sua vontade, ainda não havia se afastado do pé do morro. Já que falamos desse afastamento, é importante que saibamos que grande parte da cidade do Rio de Janeiro formou-se sobre aterros imensos feitos com a terra de morros como o do Castelo, por exemplo.
Do mirante no trajeto que dá acesso ao outro lado do morro é possível avistar a ponte Rio-Niterói quase que em toda a sua estensão. No caminho para a Fortaleza da Conceição, pode-se observar um outro casarão que ainda conserva uma fachada com azulejos pintados à mão e telhas esmaltadas, também do século XIX.






Casarão com telhas esmaltadas e azulejos pintados á mão-séc.XIX
Foto:Valdelir Ferreira Couto
Logo após a Fortaleza, ponto de defesa da cidade com seus canhões apontados para a Baia de Guanabara, que apesar da imponência nunca dispararam um só tiro, passa-se pelo antigo Palácio Episcopal, onde hoje funciona o Serviço Geográfico do Exército, e pelo Observatório do Varlongo.
Na descida pelo outro lado do morro, um pouco mais à frente do antigo Palácio Episcopal, vale à pena parar para observar o outro lado da cidade, com vista ampla para os prédios da Av. Presidente Vargas, o Morro da Providência, onde formou-se a primeira favela do Rio de Janeiro
com a chegada naquele local dos soldados da famigerada Guerra de Canudos que acreditaram na promessa do governo de dar-lhes casas caso saíssem vencedores da contenda que culminou no encerramento triste e criminoso de sonhos de milhares de nordestinos, brasileiros acima de tudo. Como continua acontecendo ainda hoje, o governo não cumpriu sua promessa, e os soldados, utilizando as madeiras que sobraram do “bota-abaixo” (movimento ocorrido na época da famosa Reforma Pereira Passos), construíram seus barracos. Surgia assim a primeira favela do Rio de Janeiro no Morro da Providência. Mudando o raio de visão um pouco à esquerda do morro da Providência, é possível avistar todo o entorno da Estação Ferroviária Central do Brasil. Impressionante como o olhar à distância emudece as ruas. A agitada e barulhenta região da Central vista do alto, mais parece uma maquete sonolenta.

Central do Brasil (ao fundo)-Vista do morro da Conceição
Foto: Valdelir Ferreira Couto












Continuando a descida, há pouco tempo atrás, podia-se deparar com a agonia de um velho casarão que, com boa parte de sua arquitetura desabada, mantinha expostas suas vísceras e, desta forma permitia entender-se como era o “esqueleto” das construções na época de sua juventude: Uma formação de madeira e barro e, certamente, outros componentes que à distância não pode-se identificar. O impressionante é que apesar de não haver outra estrutura além da formada pela madeira e o barro, mantivera-se imponente com seus dois pavimentos até a chegada do peso da idade que a todos curva, que a todos destrói, somado ao abandono e ao descaso. O velho e mutilado senhor aguardava o triste momento de seus últimos suspiros, e junto com eles o desaparecimento de mais um pouquinho da nossa rica e tão desconhecida e abandonada história.

Casarão em ruínas
Foto: Valdelir Ferreira Couto








Morro da Conceição. Um local que merece fazer parte do roteiro de nossos alunos.

Valdelir Ferreira Couto

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Aula de História em forma de música

500 GLÓRIAS E CONFLITOS
(khantydio)

Não faz tanto tempo assim
Que a gente saiu da aldeia
Com as bençãos de Deus, milagres
Sustentaram a nação inteira
Oficiosamente aprendí
O que a história oficial negou pra mim
Do negro, do índio e da sobra luzitana
Plasmou-se a nossa história desumana

Khantydio/Duque de Caxias-RJ
Músico, cantor e compositor.

Três corpos acorrentados num só precipício
Domados e acostumados no medo e no vício
Nem mesmo o dia do perdão poderá resgatar
O holocáusto de Zumbí e dos Tupinambá
500 anos fez essa tragédia portuguesa
Que deu nesse país da incerteza

E quem escalar !!!...

Quem escalar os muros dessa louca história
Descobrirá 500 glória e conflitos
Vamos subir as cordilheiras e orar ao pai bendito
Não se pode cortar as asas da grande nação
Que vive pela fé do coração
Que sob a luz divina
Torna-se um povo viril
Que vai à luta e ama...
É O BRASIL.

Valdelir Ferreira Couto






terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

180 ANOS DA INDUSTRIA BRASILEIRA

Linha de montagem da Ford-1920
Em recente visita realizada à Casa França Brasil, tivemos a oportunidade de observar os diversos pontos do processo de industrialização ocorrido no Brasil.
Segundo os organizadores, “A montagem da exposição promovida pelo Sistema Firjan e a Confederação Nacional da Indústria-CNI, nas comemorações dos 180 anos de fundação da representação industrial no Brasil, pautando-se pela escolha de objetos e tecnologias que servissem de referência aos vários períodos aí incluídos, oferece elementos para se compreender como as novas tecnologias, presentes em coisas simples, interferem no comportamento e no cotidiano das pessoas. Nesse sentido, aponta como 470 anos depois de Martim Afonso de Souza ter construído o primeiro engenho de açúcar na Vila de São Vicente, governo, cientistas e técnicos, partindo da mesma matéria prima, a cana-de-açúcar, lançam programa para transformar um dos subprodutos da garapa, o etanol ou álcool etílico, em combustível, considerado no início do século XXI um dos projetos mais arrojados para substituir o petróleo”.


Vários stands foram montados de forma a permitir aos visitantes uma viagem através do tempo, passando pelos barões do café e da cana-de-açúcar, pelos maravilhosos avanços promovidos pelo espírito empreendedor do Barão de Mauá, e pelas narrativas dos operários das fábricas da época. Caso fosse possível, daríamos umas voltas na Romi-Isetta e no maravilhoso Fusca, sucessos automobilísticos do passado e no veloz avião CAP4, a “Paulistinha”. Nos foi possível ter uma idéia, mesmo que superficial, de como é composto um dos reatores da Usina Nuclear de Angra II e nos surpreendemos diante da precisão oferecida pela robótica, observando os movimentos do braço robotizado de linha de montagem automobilística, o “Robô Comau Smart NH3 Press Booster”.
Ainda de acordo com os realizadores da exposição, “A mostra destaca a importância das iniciativas governamentais no sentido de investir e capacitar o país com infra-estrutura, como fizeram Pedro II, Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e outros governantes; da mesma forma, cita empresários que, acreditando no país e nos brasileiros, se preocuparam em concorrer para melhorar a posição do país no ranking dos paises em desenvolvimento . A chegada de D. João e da família real portuguesa no Brasil foi um marco, posto que criou as condições para o país ganhar autonomias e se tornar independente, como ocorreu, por iniciativa de seu filho, logo após o retorno de D. João para Portugal. Cinco anos após ter tornado o Brasil independente de Portugal, Pedro I criou a Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional-SAIN, dando início ao processo de industrialização e modernização das instituições que esta exposição comemora 180 anos depois.
Se, nos primórdios da independência, o Brasil iniciou sua trajetória de industrialização com a SAIN, hoje assistimos ao esforço de milhares de empresários em dar continuidade a esse movimento, associados ao Sistema Firjan e à CNI, e em ritmo acelerado, em face das novas tecnologias que o novo tempo oferece”.

Bem, não se pode negar que tudo o que foi narrado acima, é o espelho de uma realidade que se plasmou nos fatos históricos destacados, promovidos pelas intervenções de nossos governantes do passado. O que se faz necessário, é, por questão de justiça e coerência com a história, conta-la da forma exata como aconteceu. Falar de industrialização de forma superficial deixando de trazer à luz os movimentos ocorridos em regiões como, por exemplo, a Baixada Fluminense, é no meu entender privar o público e, principalmente, a grande quantidade de estudantes que visitaram a exposição de informações fundamentais para um amplo entendimento de tão importante página da nossa rica história.
No processo de industrialização do Brasil, a indústria têxtil teve papel importantíssimo. Na exposição, houve uma breve citação da Fábrica de Tecidos Bangu, ficando de fora as fábricas instaladas em regiões como Paracambí e Duque de Caxias, por exemplo. Todas as apresentações foram, de forma brilhante, feitas por atores que fizeram explanações sobre os setores da mostra. Ao falar dos feitos do Barão de Mauá, ficou de fora o fato de a primeira estrada de ferro do Brasil ter sido construída em terras da Baixada Fluminense. Nenhuma citação foi feita sobre a histórica fábrica de pólvora de Estrela, inicialmente montada na Lagoa Rodrigo de Freitas, Zona Sul do Rio de Janeiro e posteriormente, para não agredir o sossego e a segurança da nobreza que se instalava na região, transferida para Raiz da Serra, também na Baixada Fluminense. Ainda na Baixada Fluminense, a expansão da malha ferroviária, dando outros rumos para a região e, em conseqüência para o Rio de Janeiro, ao meu ver merecia também destaque na exposição.

No cômputo geral, ficou a imagem de um evento realizado para um público estudantil ainda não conhecedor (por omissão do nosso sistema de ensino) de nossa história de uma forma mais ampla, mais completa. Eis aí um desafio a nos instigar como educadores: Despertar nos olhos de nossos alunos o brilho do qual fomos privados.



Valdelir Ferreira Couto