Em meio ao cáos do trânsito do centro do Rio de Janeioro, existe um verdadeiro oásis chamado Morro da Conceição. É um pedaço da história do Rio que infelizmente poucas pessoas conhecem. Quem passa pelo largo de São Francisco da Prainha, pertinho da Praça Mauá, vive uma maravilhosa oportunidade de fazer uma “viagem” no tempo. Os casarõres com suas fachadas históricas do séc.XIX, trazem à luz as lembranças de irmandades religiosas que tinham grande influência não só no que diz respeito aos assuntos da igreja, como também na sociedade. Outro ponto importante a ser observado, refere-se aos diversos estilos da arquitetura da época; portais típicos da arquitetura portuguesa e azulejos que, apesar de simples, tornaram-se verdadeiras relíquias pela extinção e pelo fato de terem sido pintados à mão. Ainda no Largo de São Francisco da Prainha, tem “A Roda dos Escravos da Mauá”. Naquele local, uma vez por mês, acontece uma roda de samba imperdível. Seguindo pelo beco à esquerda do largo, chegamos a outro largo; o Largo do João da Baiana, onde acontece outra roda de samba, o “Batuque na Pedra do Sal”. O largo do João da Baiana fica bem aos pés da pedra do sal. O conjunto formado pelo largo e a pedra, abriga muito da história dos negros, da sua religiosidade e da força da mão-de-obra escrava na formação dos alicerces da cidade do Rio de Janeiro. Hoje é mais tranqüila a subida pela Pedra do Sal, que em épocas mais remotas também era conhecida como “Pedra do Quebra-bunda”, devido ao fato de pessoas escorregarem por ela e se machucarem muitas das vezes na região corporal citada. Devido a esses acidentes, os escravos fizeram à mão os degraus existentes na pedra. No final dos degraus, existe um pequeno pedaço de rua que ainda conserva suas pedras do estilo pé-de-moleque e que dá acesso ao Morro da Conceição.
Placa indicativa da Pedra do Sal e escada feita
à mão pelos escravos.
O Morro da Conceição é um "Oásis elevado" encravado no meio da
agitação da cidade do Rio de Janeiro, tamanha é a tranqüilidade reinante no local.
O Morro da Conceição, juntamente com outros morros como o Morro do Castelo, o Morro de Santo Antônio e o Morro de São Bento justificam-se como as regiões nas quais iniciou-se a ocupação urbana do Rio de Janeiro na época colonial, pelo fato de serem áreas elevadas e, portanto, oferecerem maiores possibilidades de proteção contra os corsários e os estrangeiros. Prova disso, foi a conclusão da Fortaleza da Conceição em 1718. Da fortaleza pode-se avistar grande parte da cidade e da Baia de Guanabara. Se hoje isso ainda é possível, imaginem quando ainda não existia a “selva de pedra”, e o mar, contra sua vontade, ainda não havia se afastado do pé do morro. Já que falamos desse afastamento, é importante que saibamos que grande parte da cidade do Rio de Janeiro formou-se sobre aterros imensos feitos com a terra de morros como o do Castelo, por exemplo.
Do mirante no trajeto que dá acesso ao outro lado do morro é possível avistar a ponte Rio-Niterói quase que em toda a sua estensão. No caminho para a Fortaleza da Conceição, pode-se observar um outro casarão que ainda conserva uma fachada com azulejos pintados à mão e telhas esmaltadas, também do século XIX.
Casarão com telhas esmaltadas e azulejos pintados á mão-séc.XIX
Foto:Valdelir Ferreira Couto
Logo após a Fortaleza, ponto de defesa da cidade com seus canhões apontados para a Baia de Guanabara, que apesar da imponência nunca dispararam um só tiro, passa-se pelo antigo Palácio Episcopal, onde hoje funciona o Serviço Geográfico do Exército, e pelo Observatório do Varlongo.
Na descida pelo outro lado do morro, um pouco mais à frente do antigo Palácio Episcopal, vale à pena parar para observar o outro lado da cidade, com vista ampla para os prédios da Av. Presidente Vargas, o Morro da Providência, onde formou-se a primeira favela do Rio de Janeiro
Na descida pelo outro lado do morro, um pouco mais à frente do antigo Palácio Episcopal, vale à pena parar para observar o outro lado da cidade, com vista ampla para os prédios da Av. Presidente Vargas, o Morro da Providência, onde formou-se a primeira favela do Rio de Janeiro
com a chegada naquele local dos soldados da famigerada Guerra de Canudos que acreditaram na promessa do governo de dar-lhes casas caso saíssem vencedores da contenda que culminou no encerramento triste e criminoso de sonhos de milhares de nordestinos, brasileiros acima de tudo. Como continua acontecendo ainda hoje, o governo não cumpriu sua promessa, e os soldados, utilizando as madeiras que sobraram do “bota-abaixo” (movimento ocorrido na época da famosa Reforma Pereira Passos), construíram seus barracos. Surgia assim a primeira favela do Rio de Janeiro no Morro da Providência. Mudando o raio de visão um pouco à esquerda do morro da Providência, é possível avistar todo o entorno da Estação Ferroviária Central do Brasil. Impressionante como o olhar à distância emudece as ruas. A agitada e barulhenta região da Central vista do alto, mais parece uma maquete sonolenta.
Central do Brasil (ao fundo)-Vista do morro da Conceição
Central do Brasil (ao fundo)-Vista do morro da Conceição
Foto: Valdelir Ferreira Couto
Continuando a descida, há pouco tempo atrás, podia-se deparar com a agonia de um velho casarão que, com boa parte de sua arquitetura desabada, mantinha expostas suas vísceras e, desta forma permitia entender-se como era o “esqueleto” das construções na época de sua juventude: Uma formação de madeira e barro e, certamente, outros componentes que à distância não pode-se identificar. O impressionante é que apesar de não haver outra estrutura além da formada pela madeira e o barro, mantivera-se imponente com seus dois pavimentos até a chegada do peso da idade que a todos curva, que a todos destrói, somado ao abandono e ao descaso. O velho e mutilado senhor aguardava o triste momento de seus últimos suspiros, e junto com eles o desaparecimento de mais um pouquinho da nossa rica e tão desconhecida e abandonada história.
Casarão em ruínas
Foto: Valdelir Ferreira Couto
Morro da Conceição. Um local que merece fazer parte do roteiro de nossos alunos.
Valdelir Ferreira Couto
2 comentários:
Belo texto. Resgatar o histórico da nossa capital certamente é uma forma de colaborar para a constução do futuro.
Na Pedra do Sal existe hoje a Bodega do Sal, um bar extremamente sinpático cujo dono, Léo, faz questão de manter, culturalmente, as raízes do local.
Nesse link do instituto Pereira Passos podemos aconpanhar a evolução urbana de alguns pontos do Rio de Janeiro, inclusive Zona Portuária, mostrando até mesmo as áreas que foram aterradas: http://portalgeo.rio.rj.gov.br/EOUrbana
Grande abraço
Essa Pequena História sobre o Mundo Fantástico do Morro da Conceição e Simplimente Maravilhoso Ainda Mais Nós Q Tivemos lá e Vivemos isso.Pois Podemos Voltar ao Tempo e Ver como as coisas eram Maravilhosa Q Hj As Pessoas Pouco Dão Valor. Mais Acho Q Até Melhor Assim,Q Poucas Pessoas Saibam desse Lugar Maravilhoso Para Não ser Distruido com Tempo Como os Outros Lugares Existem. bom Meu Amigo Querido Amei sua ideia de criar esse blogger.
Fika com Deus Meu Querido Amigo
bjus da sua eterna Amiga de Facul
Tatiane
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